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A ENTIDADE/Crítica – terror candidato a cult

Até a alguns anos, os filmes de terror de Hollywood abordavam a eterna luta do bem contra o mal. A fórmula, aparentemente, cansou e o gênero está, atualmente, totalmente mudado. É por aí que trafega A Entidade, o novo trabalho de Scott Derrickson,  que apesar de desenvolver uma história absurda, se utiliza da habilidade e da criatividade para provocar sustos na plateia.  E tem tudo para se tornar um cult

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A ENTIDADE (2012), terror dirigido por Scott Derrickson

Hollywood é dinâmica, assim como a política. O que vale é a ética do dinheiro. Como hoje as barreiras comerciais do mercado cinematográfico foi para as cucuias com a economia globalizada, Hollywood placidamente adotou a importação dos filmes de terror do Japão, China, Tailândia e Coréia do Sul, os quais faziam sucesso de público no continente asiático e que chamaram a atenção, também do jovem público e a crítica da Europa.

De certa forma, essa produção asiática renovava um gênero tido como insípido e desgastado. E isso ficou constatado quando, ao chegar aos cinemas estadunidenses, conquistaram o público. E o que fez Hollywood? Iniciou a produção de “remakes” desses filmes, com a prioridade óbvia pelas produções de maior sucesso.

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Ringu (1998), do japonês Hideo Nakata, abriu a “onda”, adaptado com o título de O Chamado (The Ring, 2004), dirigido por  Gore Verbinski, com Naomi Watts. Em seguida, vieram Kairo (Japão, 2001), de Kiyoshi Kurosawa, adaptado como Pulse (2006), de Jim Sonzero, com Kristen Bell, Ju On (Japão, 2002), de Takashi Shimizu, refilmado dois anos depois próprio cineasta como O Grito (The Grudge), com Sarah Michelle Gellar; o tailandês Espíritos: a Morte Está ao Seu Lado (Shutter, 2004), de Banjong Pisanthanakun e Parkpoom Wongpoom, adaptado como Imagens do Além (Shutter, 2008), de Masayauki Ochiai, com Rachel Taylor, entre outros. Hoje, raramente se vê os filmes de terror asiáticos nos cinemas brasileiros, mas apenas os remakes de Hollywood.

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JU ON (2002) e O GRITO (2004) e IMAGENS DO ALÉM (2008): os originais e os remakes hollywoodianos

Onda Paranormal

Na segunda metade da década de 2000, o gênero ganharia outra conotação com o produtor estadunidense Oren Peli. Inteligentemente, ele observou que a produção asiática era de baixo custo e que poderia, adaptando os seus elementos narrativos e estéticos, também produzir filmes baratos se utilizando de câmera de alta definição para adaptar o estilo pseudodocumentário, cujas imagens dão a impressão de serem verdadeiras. Apareceu, assim, a série Atividade Paranormal, a qual se tornou um sucesso mundial sem precedentes e já está na quarta produção.

Peli, não fez nada mais do que unir elementos do terror asiático aos pseudosdocumentários como A Bruxa de Blair (1999), Cloverfield – o Monstro (2008) e a série espanhola REC (2007, 2009 e 2012, cujos deireitos de readaptação foram adquiridos pela Fox Searchlight). Com sucesso estrondoso de suas produções baratas – Atividade Paranormal custou meros 15 mil dólares e rendeu US$ 193,4 (dados do boxofficemojo)  e hoje o orçamento máximo é de US$ 3 milhões -, Peli deu outra guinada ao gênero e se tornou um dos produtores mais ricos e bem sucedidos de Hollywood.

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Oren Peli: criador da série ATIVIDADE PARANORMAL

Produzida pelo pequeno estúdio independente Alliance Films e distribuída nos EUA pela Summit – esta, a produtora da série Saga Crepúsculo -, A Entidade teve lançamento simultâneo nos EUA e Brasil e se revelou um sucesso de público e, veja lá, de crítica. A frase nada se cria tudo se copia, uma das sábias criações do comunicador Abelardo Barbosa, o Chacrinha (1917-88), cai como uma luva para a definição de A Entidade – e, de quebra, da própria Hollywood. Mas, há outro aspecto. Mesmo sendo um frankenstein como filme de terror, A Entidade cumpre a sua função no gênero, que é o de assustar o espectador. Ou seja, o filme tem seus méritos.

Apesar da história absurda – uma entidade controla e domina crianças e as induz a matar os próprios pais e ainda a filmar os crimes um por um –, a história escrita por C. Robert Cargill, ex-ator que estreia como roteirista e desenvolvida pelo diretor Scott Derrickson, prima pelas minúcias com as quais trabalha esses elementos dentro de uma história que concilia drama, suspense e terror.

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Ethan Hawke e Juliet Rylance em A ENTIDADE (2012), de Scott Derrickson

Há uma dramaticidade na história, a de um escritor que coloca em risco a família a fim de recuperar o prestígio e a fama que foram dadas pelo primeiro romance. Esse personagem, Ellison Oswalt (Ethan Hawke em grande atuação), hospeda-se nas casas onde aconteceram crimes bárbaros e misteriosos a fim de recompô-los como aconteceram e elucidar o mistério.

Só que na imensa casa onde uma família foi chacinada, ele se depara com um ser sobrenatural das lendas antigas, o qual segue um curso pré determinado, usando as crianças, para chegar aos adultos. Derrickson consegue assustar com sutileza, como nas cenas em que aparecem as crianças mortas pedindo silêncio com gestos ou quando os fantasmas se cercam de Ellison sem este os veja. São cenas de arrepiar.

O cineasta trabalha alguns temas como a ambição e a busca da fama, da irresponsabilidade para com a família e o de não saber como lidar com o desconhecido. Ao mesmo tempo, esse desconhecido, a entidade chamada Baegoul, ganha dimensão na história mesmo quase onipresente.

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Scott Derrickson, diretor de A ENTIDADE

O resultado um filme de terror que supera as deficiências da história com uma narrativa capaz de prender o suspense e oferecer imagens impactantes ao espectador. E, mantendo o foco nas nuances dos crimes, há como você não prever o desfecho de tudo. É uma das deficiências do enredo.

Quem aprecia o terror asiático, a onda paranormal e os ingredientes sangue e violência, vai gostar de A Entidade, que além de agregar todos em um só, certamente será eleito à categoria de cult do gênero.

Ficha técnica

A ENTIDADE (Sinister, EUA, 2012), de Scott Derrickson, com Ethan Hawke, Juliet Rylance, Fred Dalton Thompson e James Ransone. 110 minutos. 12 anos.

Veja o trailer de A Entidade.

Clique aqui para assistir o vídeo inserido.

 

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